A Curaprox retirou vários lotes de chupetas do mercado devido a possíveis vestígios de BPAs e pediu a todos os consumidores que tenham adquirido os produtos em causa que os devolvam.
Face a esta situação, e tendo em conta o facto de estas serem das chupetas mais recomendadas pelos ortodontistas nos últimos anos – para as crianças que usam, claro -, o Notícias ao Minuto entrou em contacto com uma pediatra para perceber os riscos que estão em causa.
Para Ana Rodrigues Silva, que é CEO e fundadora da Linha Pediátrica, “a recolha das chupetas que foram identificadas como tendo BPAs na sua constituição é uma opção sensata de uma marca de confiança, com bastante experiência no mercado. É a única opção possível e segura para a saúde dos bebés que usam as chupetas que estavam nos lotes identificados”.
Em declarações ao Notícias ao Minuto, a médica do Serviço de Neonatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra explica que o BPA “é a sigla para o composto bisfenol A, um composto químico presente nalguns plásticos ou resinas”.
O problema, refere, é “tratar-se de um disruptor endócrino, ou seja, é um composto que interfere com o funcionamento dos sistemas hormonais, fundamentais para o normal funcionamento dos órgãos”.
“Os disruptores endócrinos estão associados a aumento de probabilidade de problemas, neste caso em particular, problemas no crescimento e fertilidade, aumento da probabilidade de doenças cardiovasculares e até cancro”, explica a médica, que é também pediatra no Hospital CUF Coimbra e no Hospital CUF Viseu.
Ana Rodrigues Silva© Linha Pediátrica
Ana Rodrigues Silva indica que “os BPAs têm a capacidade de transferência do local onde existem para os alimentos ou para os líquidos, como é o caso da saliva do bebé”.
“Estes efeitos nocivos associam-se fundamentalmente à exposição prolongada a BPAs. É por estes motivos, que a União Europeia (UE), proíbe a utilização de BPAs em materiais de uso infantil, como é o caso de chupetas, material de alimentação infantil entre outros. Muito para prevenir este tipo de problemas a médio e longo prazo”, acrescenta.
A especialista deixa “três ideias fundamentais” aos pais:
- “Mantenham-se tranquilos” — os riscos estão associados à exposição prolongada e as chupetas foram retiradas exatamente para prevenir essa situação;
- “Cumpram as recomendações dos profissionais” – deixar de usar os lotes identificados;
- “Verifiquem se outros materiais que tenham na utilização quotidiana do bebé têm BPAs e nesse caso tentem eliminá-los”
Sobre uma possível alternativa às chupetas da Curaprox, Ana realça que “há várias chupetas no mercado com ótima qualidade e também com preocupações com a saúde oral do bebé”, sublinhado que “é perfeitamente compreensível que os pais queiram fazer escolhas conscientes e informadas”.
“Assim, e sendo que cada bebé é um bebé, recomendaria que os pais verificassem com o pediatra ou odontopediatra do bebé qual a melhor opção para o caso específico, mas na generalidade, procurar uma chupeta ergonómica, verificar o formato da tetina, escolher tetinas preferencialmente de silicone, que respeitem a anatomia do bebé e adequada”, considerou.
Recorde-se que a Curaprox aconselha a que todos os que compraram chupetas dos lotes 006, 007, 008, 009, 010, 011 as devolvam. Os reembolsos, segundo a marca, estão assegurados.
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LEAD: A Curaprox retirou vários lotes de chupetas do mercado por suspeita de risco para a saúde. A pediatra Ana Rodrigues Silva explicou, ao Notícias ao Minuto, quais os riscos associados, aconselhando os pais a devolver as chupetas afetadas, mas deixando, também, uma palavra de tranquilidade.
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